sábado, 19 de fevereiro de 2011

Modelos do Processo Tradutório (Christiane Nord)


De acordo com Christiane Nord, são três os modelos de processo de tradução: o modelo de duas fases, o modelo de três fases e o modelo circular (contínuo).
                  O modelo de duas fases consiste em duas fases cronologicamente sequenciais – a análise e a síntese. Esta fase é baseada na suposição de que a tradução é apenas uma operação de mudança de palavra para palavra. Demonstra, erradamente, que tudo o que o tradutor necessita é de uma certa competência na língua de partida, e dispor de um certo domínio na língua de chegada. O modelo de três fases distingue-se pela transcodificação, que se situa entre a análise e a síntese. A transcodificação consiste em relacionar o sentido da mensagem recebida com a intenção da mensagem alvo. É na fase de transcodificação do processo tradutório que o tradutor determina as suas estratégias. Nesta fase intermédia, o significado da mensagem recebida é relacionada com a intenção da mensagem de chegada, e é transferida para a língua alvo, com base na equivalência dos termos lexicais ou na função do texto de chegada, quando se verifica alteração de funções textuais. Não obstante, as limitações da tradução são representadas pela transcrição e pela liberdade de produção do texto. O modelo circular contínuo (looping) divide-se em três fases: na primeira, analisamos o propósito do texto de chegada; a segunda fase divide-se em dois passos: no primeiro, o tradutor tem apenas uma ideia geral do texto, enquanto no segundo passo analisa detalhadamente os pontos importantes para o texto de chegada. A terceira fase é a estruturação final do texto de chegada, é um processo contínuo.
                  É contraditório, porém, o facto do tradutor tanto poder ser o receptor o texto de partida, como o emissor do texto de chegada, tendo em conta que:
 1) existe uma instância emissora anterior, que é o autor do texto de partida
2) é na fase de transcodificação que o tradutor descobre o seu papel de emissor, relativamente à cultura de chegada; daí que na sua proposta de modelo tradutório, Nord faça coincidir o início da tarefa de tradução com o propósito do texto de chegada.
                  A função do texto é determinada pela situação de comunicação, onde este está, ou será, produzido. Este aspecto relaciona-se com a capacidade do tradutor para se adaptar às diferentes funções que um texto estabelece, conforme a situação comunicativa, aplicando-se tanto ao texto de partida, como ao de chegada. O tradutor é um dos possíveis receptores do texto de partida, e a sua opinião não pode ser encarada como definitiva. Tomemos como exemplo este caso: É gravada nos EUA uma entrevista a Renato Seabra, e a Nova Gente pede uma tradução da transcrição, a fim de utilizar a informação como notícia central; o tradutor, tendo em conta a natureza social da revista e o facto de o entrevistado ser uma figura na sociedade portuguesa, negligencia os aspectos que têm uma importância secundária para a revista; ou seja, apesar do texto de partida, o traduzir tem de se adaptar à realidade para a qual está a traduzir, i. e., ao escopo do texto de chegada.
                  Vermeer criou a teoria do escopo ou propósito. Orientado socioculturalmente, desenvolveu-a com uma aproximação à tradução, tornando-a o seu conceito mais funcional. A teoria do escopo é orientada para factores contextuais que incluem a cultura do texto de chegada e do cliente que solicita a tradução, assim como a sua função na cultura de chegada.
A relação entre o texto de chegada e o texto de partida é definida pelo objectivo da tradução, ou seja, é precisamente o seu propósito. O objectivo/escopo do texto de chegada não tem de ser idêntico ao escopo o texto de partida, mas para a tradução poder ser levada a diante, o tradutor tem de conhecer o propósito do texto de partida, para garantir que o texto é elaborado em conformidade com o seu escopo.

Cláudia Frederico, N.º 42322
Joana Braga dos Reis, N.º 41243

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