Uma maneira de ajudarem as colegas será encontrarem / inventarem mensagens de média correspondentes aos diferentes actos de fala, especificando os canais em que ocorrem (ver ponto terceiro do guião de leitura)
Segundo Basil Hatim, em “Pragmatics and Translation” (1998), a pragmática é um campo que estuda a linguagem em uso, tendo em conta os participantes e o contexto. Através desta, o tradutor consegue ter uma maior percepção e interpretação do texto com que trabalha, e consegue perceber a intenção do texto de partida, mesmo que implícita, e transmitir com eficácia essa mesma intenção para o texto de chegadaNo mesmo ensaio, supra-mencionado, Basil Hatim, afirma que quando alguém fala, normalmente não pratica apenas uma acção. Assim, faz-se distinção entre três níveis de acção: Primeiramente, temos o acto de enunciação ou acto Locutório, este é o mais básico e corresponde à pronunciação de palavras e frases que transportam determinada mensagem, e que é governado por regras que permitem a realização da intenção comunicativa. Os níveis seguintes só podem ser praticados a partir do acto locutório (ex. “Como está a correr o semestre?”). Em seguida, existe o acto ilocutório que usa um enunciado funcional para que uma acção apropriada à situação de comunicação seja realizada (ex.: felicitar, aconselhar, pedir, mandar, etc). Por fim, temos um acto que é praticado através de um acto ilocutório (que foi, por sua vez, praticado através de um acto locutório), este é denominado acto Perlocutório. Pode dizer-se que tem a ver com o efeito que a compreensão de determinado acto ilocutório do falante, provoca no ouvinte. Estes são produzidos a fim de realizar o acto ilocutório do falante. Alguns actos perlocutórios são o acto de Convencer, Persuadir, Atrapalhar, Surpreender, assustar, etc Os actos ilocutórios, como refere Gouveia (2006), podem dividir-se em cinco categorias: Assertivos, transmitem uma percepção de verdade sobre o mundo. Directivos, cuja função é levar alguém a realizar determinada tarefa (ex. “Emprestas-me esse livro?”; “Vai-te deitar já!”; “Queres vir à praia comigo?”); Compromissivos, remetem para a obrigação de o locutor realizar uma acção (ex. “Prometo não me atrasar para o concerto.”; “Aceito ir contigo à praia.”); Expressivos, dizem respeito expressão de sentimentos face ao mundo (ex. “Obrigada por teres vindo.”; “Desculpa mas não posso ir sair hoje.”); Declarativos, são actos ilocutórios que têm como função provocar alterações no mundo (ex. “Demito-me!”; “Eu te baptizo (…)”).
Os falantes podem muitas vezes querer dizer algo que vai além daquilo que se diz, isto é; podem querer insinuar algo que não foi dito directamente, e nesse caso cabe ao ouvinte a tarefa de descodificar esse significado. Grice (1975) propôs o termo Implicatura para designar aquilo que é insinuado ou sugerido por um falante. Sabendo-se que para haver comunicação tem que haver dinâmica na interacção entre os falantes, Grice criou também o Princípio de Cooperação. Este orienta a interacção entre os falantes com base em um conjunto de “Máximas Conversacionais” (Quantidade, Qualidade, Relevância, Modo), para que possa haver progresso na comunicação.
Adriana Louro de Jesus - Nº: 39260
Maria João Pessoa - Nº: 41261
Paula Guerreiro – Nº: 41218
Lembrei-me das aulas de Técnicas de Tradução do 10 e 11º anos de Humanidades, entretanto desaparecidas.
ResponderExcluirPara o Tradutor é, de facto util, ter uma compreenção dos actos de fala por esta prespectiva. Há que ter em conta, não só o que as colegas enunciaram, mas também as releções sociais entre os falantes e o seu tipo de fala. Há, por exemplo, relações de poder que implicam outro genero de discurso,como a relação professor aluno ou aluno professor, em que se usa com mais frequência o "acto ilocutório indirecto".É uma forma de não parecer agressivo ao alocutário.
ResponderExcluirPara uma tradução mais precisa é necessário ao tradutor ter a precepção para quem vai traduzir, pois, por vezes, num acto ilocutório indirecto, poderá ser necessário traduzir por um directo, para que o publico alvo entenda o sentido do que foi dito/ escrito.
Segundo o Princípio da Cooperação, a participação dos intervenientes na conversação deve ser adequada ao propósito da mesma e ao momento em que é feita. Quando, no entanto, dizemos “Já não te via há séculos!” (“Pragmática Linguística”, José Pinto Lima, Caminho, 2006) não queremos, literalmente, dizer que não víamos essa pessoa há séculos, o que, aliás, não seria possível, mas sim que já não a víamos há muito tempo; esta enunciação infringe o Princípio da Cooperação, particularmente a Máxima da Qualidade, que assume que os falantes tentam dizer aquilo que é verdadeiro. Não obstante, estamos a revelar que queremos cooperar na conversação, pelo que o nosso receptor toma esta infracção como um meio de que nos servimos para introduzir uma implicitação na conversa.
ResponderExcluirÉ, assim, importante sublinhar que, apesar de este princípio poder ser infringido (e, portanto, as suas máximas), isso não significa que não estamos a cooperar ou a adequar a nossa participação na conversa, mas sim que estamos a fazer uso de uma implicatura.